Intertextualidade e Interdiscursividade
Conceituar texto e discurso é algo relativo se tomarmos diversos autores pragmáticos como referência. Há quem enfatize o texto em detrimento do discurso, há quem ora os iguale, ora faça distinção entre eles como Bakhtin. Contudo, para estabelecer conceitos de intertextualidade e interdiscursividade é preciso olhar antes para o objeto central de cada um desses fenômenos.
Brait (2005, p.179) destaca que “O texto, em Bakhtin, é uma unidade de manifestação: manifesta o pensamento, a emoção, o sentido, o significado”. Cavalcante (2021, p. 146) reafirma esse conceito acrescentando outras duas concepções que o texto tem adquirido com a evolução das pesquisas: entendido como um produto da decodificação de ideias, cuja função é transmitir informações a um terceiro, e a última concepção, reconhecida hoje, um processo interativo, em que os envolvidos são tomados como agentes sociais que possuem contextos sociocomunicativos, cultural e histórico que interfere na construção do sentido de um texto, prática social.
A escrita de um texto carregará sempre um diálogo com outros anteriores e por sua vez, um emaranhado contextual, assim, a pureza de um texto inexiste. E é esse diálogo com outros textos que representa a intertextualidade, em que um texto cita outro explicitamente ou enraizado na estrutura de forma, muitas vezes imperceptível.
Conforme Koch (2021, p. 51):
A intertextualidade compreende as diversas maneiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto depende do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relação que um texto mantém com outros textos.
São várias as formas que o fenômeno intertextualidade acontece, contudo o que se faz necessário é que essa relação entre textos ocorra com o objetivo de construir sentido, o que ocorre quando se reconhece os outros textos anteriores inseridos em um novo texto. Cabe, aqui, citar a tipologia da intertextualidade: paráfrase, paródia, alusão, referência, citação, epígrafe, plágio e pastiche, cada tipo apresenta características próprias quanto ao modo de construir diálogo entre textos.
O discurso, por sua vez, é entendido como uma abstração (BRAIT 2005) É aquilo que está por trás do texto, é o sentido que o texto traz. Desse modo, a interdiscursividade se faz na relação dialógica entre os sentidos por trás dos textos, o que pode ocorrer em diferentes espaços como no cinema, na música, na política, etc. como no exemplo a seguir em que observamos a presença de um mesmo discurso já conhecido aos brasileiros a corrupção na política:
Aqui é Giselda. Parabéns! mas depois vou fazer uma melhor leitura.
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